sábado, 5 de novembro de 2011

(Des)culpa




Os céus de chuva com sua negritude
Com sua ira e desilusão
Contudo, têm eles mais virtude
Que minh'alma iníqua e sem nenhuma aptidão

Tão falha, ciumenta e macabra
Assim eu descrevo minha pessoa
Ora certa, ora boa
Mas deve ser só o acaso

Os tempos bons já se foram
Tempos em que eu não sabia falar
Mas passou e eu cresci
E me expresso, mas acabo por magoar!

Sinceras desculpas àqueles que um dia
Eu fiz sofrer e decepcionei
Saibam que todos têm valor pra mim
Mesmo a quem nunca demonstrei

Entrego-lhes meu sangue, se for preciso
Para receber de vocês o perdão
Remorso imenso, não sou perfeita
Não me deixem cair novamente em solidão.

[05/11/11]

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Dos dias e da sua contagem fútil



De qual século vêm a tua esperança?
Remanesce em ti, no fundo, alguma lembrança?
Daquele tempozinho de aconchego pacato
Sorrisos, chocolates, borrões e deitar no mato.

Prefiro não olhar o que deixei para trás
Se não vou querer voltar. Regredir jamais!
E não há ninguém pra impedir-me desta corrida louca
Mas como gritar? O presente deixou-me rouca.

O passado é a vida que levei e ainda hoje
tento reproduzir tais dias de glória.
Mas acaba que o futuro é só uma matança
Que esfaqueia essa linda história.

A saudade é tão incontrolável aqui dentro
Chuta como criança no ventre, causando dor anormal
Ainda assim não a aborto, alimento-a e cuido
Pois é a minha única garantia de que tudo foi real.

Os dias poderiam congelar
E serem todos iguais, sem essa contagem fútil
Meses, anos, décadas: para quê essa tortura?
Porém acho que se não existissem tudo seria inútil.

terça-feira, 12 de julho de 2011

Passos na areia





As ondas balançam
Sem ter para onde seguir
Leveza confusa
Águas sem rumo a fluir

Meus passos deixam marcas na areia
Desequilibrados com perfeição
Afastam as dores de cabeça
E me fazem flutuar

Deixo me levar pelos movimentos
Ondulados
E nele jogo todos os meus sentimentos
Vira redemoinho descontrolado

O beijo do pôr-do-sol chega
E o brilho todo apaga
O mar torna-se negro
E a brisa noturna afaga

Por último, na areia escrevo
E ali deixo a minha marca
Sob as estrelas teu nome desenho
Tomo a noite em forma de barca

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Hiatos



A cada rumo diferente e a cada bifurcação da vida, me sinto cada vez mais afundada em dúvidas e apreensão. Por que não encontro logo o pote de ouro no final do arco-íris? Desisto. Sento-me à beira da estrada e mergulho em lamúrias. Mas não desisto para sempre – espero os tempos de fúria passarem. Não importa quantos hiatos houver em minha jornada, o importante é chegar lá.

terça-feira, 21 de junho de 2011

Severa punição



Severa punição estou sofrendo
É a primavera não chegando
Caem folhas não brotando
É a luz eu não vendo.

Sutil não és nem serás
Não sou, não agüentarei
Olhar para trás
Ver que desisti, te deixei.

Tem mesmo que ser assim?
É regra, azar, o quê?
Se não queres um pouco de mim.
Basta-me saber.

O brilho daquela estrela azul?
O cruzeiro que aponta para o Sul?
Viajor das terras minhas:
Como te guias?
Por meu castiçal tinindo,
Ou pelo grito de minh’alma se esvaindo?